Um Perrengue Chique por minuto ou Experiência adquirida?

No final de 2014 comecei a pilotar drone comercialmente. Até hoje é cada perrengue chique que não dá para acreditar. Tudo começa com a ideia geral de que o piloto de drone ganha dinheiro brincando com um brinquedinho bonitinho de riquinho mimadinho… (e sei lá mais quantos “inhos” coloco aqui para enfatizar…hehehe).

Do ditado: “Todos veem as pingas que eu tomo, mas não os tombos que eu levo!” vou compartilhar com vocês situações inusitadas e não esperadas de operações em campo que já passamos ao longo dos anos. No final sobrou experiência, agradecimento e muita risada.

Baleias Jubarte

ARQUIPÉLAGO DE ABROLHOS E AS BALEIAS JUBARTES. Em 2016, por duas vezes estive embarcado em expedições de 07 dias para o Arquipélago de Abrolhos. paraíso brasileiro em alto mar, na costa Sul da Bahia. Águas cristalinas, fauna e flora marítimas de cair o queixo com baleias saltitantes, golfinhos, centenas ou milhares de pássaros e tudo mais que um paraíso ecológico pode ofertar… Lugar incrível, beleza incrível, atmosfera contagiante. Agora, imagine, nessa época, como era voar em mar aberto com drones de 2a geração. Drones que não voltavam para o controle remoto. Onde a decolagem desestabilizada pelo movimento natural do barco não garantia a melhor estabilidade de voo. Ventos de até 50km/h. Dormir em alto mar com ondulação gigante, motor de barco falhando, drone se perdendo no horizonte (ai meu investimento!!!).

Lembro que, em certo momento, quando perguntei ao observador onde estava o drone ele me mostrou um lindo salto de baleia… mas o drone ele não tinha visto não… (ele não era um observador de drone?) e tudo mais… No final saímos com imagens de comportamentos inéditos de baleias em grupo, mais de 08 horas de gravação que através do Projeto Baleia Jubarte do Brasil, alcançaram o mundo.

FERROVIA DE INTERLIGAÇÃO OESTE LESTE FIOL. Em 2017/18 uma oportunidade única de cruzar o Estado da Bahia, de oeste a leste, de Caetité a Ilhéus, do sertão ao mar para um levantamento topográfico completo. Partes da ferrovia estavam completas e de acesso fácil por pistas de serviço. Outras partes não tinham ferrovia, outras não tinham rodovia de serviço, outros não tinham absolutamente nada… Mas tudo tinha que ser mapeado com o objetivo de fazer a FIOL (obra parada na época), voltar a rodar.
Aproveitamos e fomos também fazendo imagens pelo caminho (e tinha caminho?), um lugar mais lindo que o outro em posicionamentos que só o GPS mesmo para dizer onde era. Paraíso inóspito em cada imagem. Lindas obras da engenharia no meio do nada e eu lá com meu “brinquedinhoinhoinho” feliz e contente pilotando por aí…. Lembro do sol castigante do sertão que deixava o IPad pedindo água… mais de 10 minutos no sol e já pedia pelo amor de Deus para entrar no ar condicionado do carro ou colapso (alguém me diz como faz massagem cardíaca em um tablet?)… Seguimos cruzando áreas sem sinal algum de celular, sem alma viva por perto, nada e ninguém… E de acordo com a Lei de Murphy tivemos pneu e estepe furados no meio de um desses nadas, áreas instransponíveis, caatinga braba… Afora as belezas e tristezas do sertão que percorremos foi um alívio enorme chegar próximo ao litoral e começar a ver o sertão virar mata atlântica e daí praia. Aí os perrengues mudaram para áreas fechadas, matas intransponíveis e alagadas. No final acabamos com o couro calejado e uma experiência incrível de vida para contar.

INDÚSTRIA PETROQUÍMICA. Um dos mais recentes aconteceu em uma indústria petroquímica em um dos maiores polos industriais do Brasil. Voo interno em uma chaminé de 120 metros de altura e quase 6 de largura… Imagens lindas de uma grandiosa estrutura de concreto, as fotos que capturamos, nunca antes capturadas por ali, fizeram sucesso em nossas apresentações e laudos da engenharia por sua qualidade e resolução… O comentário geral era: “-Nossa, olha só o que aqueles ali fazem brincando e ainda recebem por isso… kkkkk… Bom, então qual foi o perrengue dessa vez?
“Bora” voar em ambiente interno sem qualquer um dos maravilhosos recursos tecnológicos do seu equipamento profissional e tirar fotos 360° de alta resolução para fins de estudos de engenharia? Para meus alunos que dizem que mão de professor não sua, aí está… acho que minha mão emagreceu 10kg. Perda de sinal, voo cego sem GPS, drone com vida própria a salvo por causa do protetor de hélice… Isso ninguém viu, ninguém comentou.. Mas as fotos…

Em breve volto para contar outros “causos”… tem ataque de todo tipo de animal voador que você pensar, em insetos e pássaros… tem drone mergulhando em chaminé, tem apoio a bombeiros e muito mais. A lista é longa.

Agora, me permita apenas um só adendo importante ao texto acima:

Todas as histórias acima são verídicas e ocorridas comigo e meu sócio durante operações de campo. Ressalto que todas as operações foram concluídas com sucesso em atendimento ao escopo e requisitos do cliente graças a bastante tempo gasto com planejamento e mitigação de riscos em conformidade com nossos procedimentos ISO9001. Os fatos ocorridos durante as operações são engraçados e por vezes nos preocupamos e agimos com medidas preventivas, mas eles também são corriqueiros e normais de operação, sendo que em nenhum momento colocaram pessoas ou patrimônio em risco… por isso estamos aqui vivos, sorridentes, com clientes satisfeitos e inúmeras histórias para contar.

Um abração. Nos vemos.

Renato Tomé

Piloto em Comando XDRONER

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